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Dizem que, no Brasil, saúde e educação são “de graça”. Mas será que realmente são? Basta uma análise rápida da carga tributária para perceber que não há nada gratuito nessa história. O que o cidadão brasileiro paga em impostos é equivalente ao que se arrecada em muitos países desenvolvidos e ainda assim o retorno em serviços públicos é muito abaixo do esperado.
Enquanto em países da OCDE, como Alemanha e Canadá, esse mesmo percentual do PIB garante hospitais equipados, escolas de alto desempenho e transporte público eficiente, aqui o que vemos é uma corrida silenciosa para buscar alternativas privadas. Quem pode, paga um plano de saúde para não depender de filas intermináveis do SUS. Quem consegue, arca com escola particular para evitar os baixos índices de aprendizagem da rede pública. E até a segurança — uma das funções básicas do Estado — precisa ser terceirizada em forma de portarias eletrônicas, câmeras de vigilância e segurança privada.
Esse é o retrato de um Brasil em que o cidadão paga duas vezes pelo mesmo serviço: primeiro, via impostos; depois, do próprio bolso, para suprir as falhas da gestão pública. É a materialização do ditado popular que inspirou este artigo: quando o serviço dito “grátis” acaba saindo muito caro.
A conta pesada dos impostos
De acordo com a Receita Federal, a carga tributária brasileira atingiu 32,44% do PIB em 2023. Esse patamar nos coloca praticamente lado a lado com países ricos da OCDE, cuja média foi de 33,9%. A diferença é que, lá fora, esse dinheiro retorna em hospitais funcionando, escolas de qualidade e transporte público eficiente. Aqui, quem pode acaba pagando duas vezes: uma para o governo e outra para o setor privado, na forma de plano de saúde, escola particular e condomínio com segurança.
Além disso, mais de 40% da arrecadação brasileira vem de impostos sobre consumo. Isso significa que, proporcionalmente, quem ganha menos paga mais. É a chamada regressividade tributária — um problema crônico que ajuda a explicar porque a população sente tanto o peso do “Estado caro” sem perceber a contrapartida.
Saúde: o SUS existe, mas o bolso também
Em teoria, o Sistema Único de Saúde é universal e gratuito. Mas a realidade empurra milhões de brasileiros para os planos de saúde. Hoje, já são mais de 52 milhões de beneficiários — cerca de um quarto da população. O dado é simbólico: quem já paga muito imposto precisa desembolsar novamente para garantir atendimento quando precisar.
Não por acaso, os números do IBGE mostram que, em 2021, as famílias brasileiras gastaram 5,7% do PIB em saúde, enquanto o setor público arcou com 4,0%. Em outras palavras: o cidadão paga mais pela saúde do que o próprio governo.
Educação: notas baixas e mensalidades altas
Se existe um campo em que o contraste entre o que o brasileiro paga e o que recebe é gritante, esse campo é a educação. Apesar do peso da carga tributária, os indicadores de aprendizagem continuam entre os mais baixos do mundo.
No PISA 2022, exame internacional aplicado em dezenas de países, o Brasil obteve 379 pontos em Matemática, 410 em Leitura e 403 em Ciências — todos resultados abaixo da média global. O dado mais alarmante é que 73% dos estudantes brasileiros ficaram abaixo do nível básico em Matemática, o que significa que não conseguem realizar operações fundamentais do dia a dia.
Esses números ajudam a explicar a corrida para a rede privada. Muitas famílias, mesmo já pagando caro em impostos, acabam se sacrificando para pagar mensalidades escolares. Segundo o Censo Escolar, a rede privada já representa 16,3% das matrículas do ensino fundamental II (6º ao 9º ano) — e a tendência é de crescimento. A educação particular virou, para boa parte da classe média, uma estratégia de sobrevivência diante da baixa qualidade da rede pública.
Esse “duplo custo” pesa especialmente no orçamento familiar. Enquanto em países que arrecadam tanto quanto o Brasil a educação pública é sinônimo de oportunidade e mobilidade social, por aqui ela se torna motivo de desigualdade. Quem tem condições financeiras paga escola particular e consegue garantir acesso a universidades melhores e a empregos mais qualificados. Quem não tem, depende exclusivamente da rede pública e enfrenta barreiras muito maiores para quebrar o ciclo da pobreza.
Saneamento e segurança: atrasos que custam caro
Metade da população brasileira ainda não tem acesso a rede de esgoto, segundo o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. O resultado é um impacto direto na saúde pública e, claro, mais gastos para o cidadão.
Na segurança, embora os homicídios tenham recuado, o Brasil ainda registrou 21,2 mortes por 100 mil habitantes em 2023 — um índice muito superior ao de países que arrecadam tanto quanto nós. Por isso, gastar com câmeras, portaria eletrônica e vigilância se tornou quase regra em condomínios e empresas.
O que está por trás do problema?
O que explica esse cenário? Em grande parte, a má gestão dos recursos. O Brasil figura nas últimas posições em índices internacionais de governança e integridade, como o Índice de Percepção da Corrupção. Ou seja, não é só a quantidade de dinheiro arrecadada que importa, mas a forma como ele é gasto.
Pagar duas vezes não pode ser normal
O brasileiro já paga muito. O que falta é retorno. Quando saúde, educação, segurança e saneamento não funcionam, a sociedade é obrigada a buscar soluções privadas — pagando novamente. É isso que torna o “serviço gratuito” no Brasil um dos mais caros do mundo.
É hora de mudar o debate: não se trata de aumentar impostos, mas de gastar melhor, entregar mais e respeitar quem financia o Estado — o contribuinte.
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